COMO ESTABELECER LIMITES
Temos que ensinar as nossas crianças que todos têm os mesmos direitos e que elas não são sozinhas, existem mais pessoas e crianças com deveres e direitos e que eles acabam quando começam os direitos dos outros, mostrar para as crianças que elas podem fazer muitas coisas, mas que outras não podem ser feitas. Apresentar um mundo social, ensinando eles a conviver com as pessoas e respeitar as outras pessoas, pois seu desejo pode prejudicá-las.
O assunto sobre a educação das crianças está sendo muito discutido e estudado, pois existem muitas dúvidas entre pais e educadores sobre qual é a melhor maneira de ensinar valores para as crianças. Como resultado para esse dilema, podemos apontar a construção de limites como uma das respostas para a solução a esse problema.
Como vimos anteriormente o limite é fundamental para a construção da convivência social das pessoas, é ele que vai mostrar as crianças como elas deverão se comportar diante dos momentos contraditórios ao seu querer, é ele que vai limitar e mostrar o que pode e não pode ser feito em certos momentos.
O “sim” e o “não” é um fator muito importante para a educação das crianças, a construção destes dois conceitos é fundamental para o estabelecimento dos limites, pois fazem com que a criança entenda seu significado e só assim terá o verdadeiro sentido quando forem atribuídas. Essas duas palavras perdem seu verdadeiro sentido, pois os pais e educadores não esclarecem o “porque sim” e nem o “porque não” o que a leva a se tornar totalmente liberal e sem limites.
O “sim” deve ser emitido com segurança, a fim de que a criança se sinta protegida com a afirmação que lhe foi proposta, ao ver que o “não” deve ser devidamente explicado, bem como os motivos de tal decisão, para que a mesma entenda qual o significado da negação e não queira cometer um erro.
A permissão faz com que a criança encontre uma referência externa à realização do seu desejo de brincar. Essa referência que a criança vai formando dentro de si servirá de base para seus futuros relacionamentos. (TIBA, 1996, p.54)
Quando permitimos algo, estamos passando total segurança de que a criança pode realizar tal ação, sem medo ou receio, uma vez que estamos apoiando sua atitude, com nossa permissão, e ao negar temos que mostrar o verdadeiro motivo pelo qual ele não pode fazer o que quer, passando a mesma segurança, pois o que iria fazem não é possível porque trará resultados negativos.
Não devemos ser totalmente permissivos, mas também dizer “não” a todo o momento não resolve o problema, até pelo contrário, acaba desvalorizando o sentido da palavra, segundo Zagury
...dizer "sim" sempre que possível e "não" sempre que necessário; só dizer "não" aos filhos quando houver uma razão concreta; (2001, p.23)
Não basta simplesmente negar algo a uma criança, mas sim explicar o porquê da negação, expondo os motivos verdadeiros a ela, de forma que se tornem convincentes. É que a criança já entende e tem um senso de justiça bastante desenvolvido, para que possa aceitar e obedecer ao que está sendo estabelecido.
A permissão não se expressa simplesmente em uma frase: “você pode”. Às vezes está implícita no olhar, no tom de voz. Quantas vezes nós ouvimos uma proibição com uma tonalidade de permissão! Por exemplo, a criança vai fazer uma coisa, a mãe fala “não”, mas o filho faz assim mesmo e nada lhe acontece. É um “sim”. (TIBA, 1996, p. 54).
Se uma criança nos pergunta algo, precisamos ter total cuidado com o que iremos responder, para que a mesma se sinta saciada com a resposta que irá partir de nós. E devemos sempre lembrar que ela deposita total confiança em nossas palavras, e que, portanto, devemos ter certeza do que iremos afirmar ou mesmo negar.
Pode não ser visível, mas existe uma grande importância nas palavras e nas atitudes dos adultos, quando se referem às crianças, pois, de fato, os pais e professores, ou mesmo as pessoas responsáveis, são espelhos de vida para os pequenos, já que os mesmos procuram, neles, grandes referências de como lidar com as situações cotidianas. Assim, Zagury (2008) afirma que, se quisermos que as crianças respeitem os professores e os pais, deve partir dos mesmos esse hábito, porque o exemplo é a melhor forma de se educar.
Mas também, segundo Zagury (2008), não podemos falar muitas vezes a mesma coisa, sendo repetitivos. Temos, sim, é que agir com firmeza, justiça e equilíbrio, mas sem remorsos ou gritarias. Quando alguma regra ou norma é proposta para o aprendiz, ela deve ser cumprida fielmente pelo responsável, para que a palavra do adulto seja valorizada pela criança. As crianças tendem a testar os adultos, para saber até aonde elas podem ir e onde se encontram os seus limites. Assim, se o responsável não cumprir exatamente os combinados, a palavra do mesmo perde o valor para a criança, fazendo com que ela não acredite e não leve a sério as combinações e as regras estabelecidas a ela.
Às vezes, mesmo cientes das regras, as crianças teimam e insistem em mudar o que foi estabelecido; nesse caso, aja do mesmo jeito, negando quando necessário e, eventualmente, concedendo (se não houver empecilhos ou problemas. (ZAGURY, 2001, p. 118).
Com base no que falamos até este momento e também no livro “limites sem trauma”, podemos afirmar, segundo Zagury (2001 pag. 23, 24 e 27), que:
Construir limites é:
Ensinar que os direitos são iguais para todos;
- Fazer a criança compreender que seus direitos acabam onde começam os direitos dos outros;
- Dizer “sim” sempre que possível, e “não” sempre que necessário;
- Só dizer “não” aos filhos, quando houver uma razão concreta;
- Mostrar que muitas coisas podem ser feitas e outras não podem ser feitas;
- Ensinar a tolerar pequenas frustrações no presente para que, no futuro, os problemas da vida possam ser superados com equilíbrio e maturidade;
- Desenvolver a capacidade de adiar a satisfação;
- Saber discernir entre o que é uma necessidade dos filhos e o que é apenas desejo;
- Dar o exemplo.
Construir limites não é:
- Bater nos filhos, para que eles se comportem;
- Ser autoritário;
- Deixar de explicar o “porquê” das coisas, apenas impondo a “lei do mais forte”;
- Gritar com as crianças, para ser atendido;
- Deixar de atender as necessidades reais;
- Provocar traumas emocionais.
Para não confundirmos limites com autoritarismo devemos ter alguns cuidados na educação das crianças, tem pais que acham que o limite é opcional, mas não sabe que na falta dos limites existem uma progressão de problemas. As crianças têm certa resistência a aceitar logo de principio as ordens estabelecidas pelos adultos, com isso temos que ser persistentes, pacientes e não cansar de repetir as combinações até que as mesmas se internalizem e se tornem “regras” para os pequenos.
Algumas vezes os pais, professores e responsáveis pelas crianças entendem limites como autoritarismo, e não é isso que queremos, pois não é com autoritarismo que conseguiremos educar nossas crianças, apesar de sabemos a dificuldade de reconhecer quando acaba a autoridade e quando começa o autoritarismo.
Assim, um pai autoritário é aquele que não deixa o filho entrar na sala porque naquele dia ele está de mau humor, mas num outro, de bem com a vida, não só permite como até exige a presença do menino...
O pai que tem autoridade, por outro lado, ouve e respei¬ta seu filho, mas pode, por vezes, ter de agir de forma mais dura do que gostaria, às vezes até impositivamente, mas sempre o objetivo será o bem-estar do filho, prote¬gê-lo de algum perigo ou orientá-lo em direção à cida¬dania. (ZAGURY, 2001, p.32)
Estamos tentando mostrar que para educar mossas crianças precisamos agir com firmeza, segurança, amor e muito carinho, atingindo nossos objetivos sem autoritarismo, e sem precisar utilizar as tão conhecidas palmadinhas.
As palmadas não resolvem os problemas educacionais das crianças, até pelo contrário, pois a agressão física ultrapassa todos os limites, e ensinam os pequenos a baterem nas outros quando querem impor alguma vontade. As famosas “palmadinhas no bumbum” que muitos acham inofensivas, perdem seus efeitos e acaba se transformando em palmadas cada vez mais fortes e acaba se transformando em verdadeiras surras que não educam ninguém, só fazem as crianças terem medo e inibem suas atitudes sem saber o verdadeiro motivo que não podem fazê-las, e isso não é respeito, é medo.
Porque não bater (...) porque depois, quando os pais se acalmam, sentem-se culpados e tendem a "afrouxar" de novo os limites, para aplacar a sensação aflitiva de culpa, perpetuando a situação de conflito;porque bater é assinar seu próprio atestado de fracasso como educador.(ZAGURY, 2001, p.51 e 52)
Na verdade as palmadas só trazem pontos negativos, elas ensinam as crianças a terem medo dos mais velhos, que a agressividade é a solução de muitos problemas, que é normal baterem nas pessoas, já que é uma atitude que o pai e a mãe praticam, as crianças acabam internalizando que a força bruta é mais importante que o diálogo, com a violência os pais acabam incentivando as crianças a mentirem ou omitirem certas atitudes para não serem punidos, além disso, a violência faz com que os filhos percam a confiança nos pais, que em vez de protegerem e darem amor acabam agredindo os filhos.
Mas será que é fácil educar sem usar a violência? Como podemos fazer para ensinar nossos filhos a nos respeitarem sem usar a força bruta?
Devemos lembrar que crianças não têm somente atitudes negativas, assim, quando agirem positivamente, devemos elogiá-las, no intuito de fazê-las sentirem-se reconhecidas e admiradas.
Sempre que a criança tiver atitudes corretas, devemos ressaltar esse fato. É bem comum que os pais, envolvi¬dos nas atividades do dia-a-dia, com tantos problemas e a crônica falta de tempo, se esqueçam de elogiar, só lembrando de ralhar, quando os filhos fazem algo de negativo.
Assim, as crianças ficam com a sensação de que não vale a pena fazer tudo certinho: afinal, se agem de ma¬neira adequada o mais das vezes, não recebem qual¬quer estímulo, às vezes, nem um simples olhar aprovador; nas outras ocasiões, porém, quando erram, o mundo parece que vai acabar: ganham palmadas, re¬primendas, castigos etc, então para que se esforçar? Por isso, a melhor forma de se alcançar um objetivo educacional é elogiando, incentivando e ressaltando tudo de bom que a criança faz. (ZAGURY, 2001, p.59)
A premiação é importante para que as crianças tenham suas atitudes reconhecidas, no entanto esta premiação não necessariamente tem que ser uma “coisa material”, podendo ser substituída por um gesto afetivo que o favorecerá futuramente, pois se tornará um adulto com uma auto estima elevada e as atitudes corretas farão parte do seu cotidiano.
Temos que ensinar nossas crianças a assumirem seus atos, sendo eles positivos ou negativos, quando suas atitudes não são as mais adequadas, devemos apontar e explicar o caminho certo, temos que conversar, sem gritar e sem humilhar as crianças, fazendo elas refletirem sobre o que está errado, assim não terão medo de assumirem no momento que estiverem agindo incorretamente.
Se mesmo conversando e explicando as crianças continuarem persistindo em fazer as coisas erradas, então os pais terão que fazê-las compreender que suas atitudes são inadequadas e terão consequências, pois elas serão responsabilizadas pelas mesmas.
É importante mostrar que as atitudes corretas também têm consequências, mas essas são positivas, Zagury traz alguns exemplos de como premiar seus filhos quando eles têm atitudes positivas, sem brigar nas atitudes negativas.
“Se ele acorda e lhe dá um belo sorriso, retribua e ressalte como é bom ter uma pessoa bem-humorada em casa; Se ele espontaneamente lhe ajuda a arrumar a mesa, mostre como isso é democrático e como você fica orgulhosa; Se ele traz um boletim com vários conceitos ex¬celentes e um regular, antes de mais nada, res¬salte o quanto ele é capaz; somente depois pergunte se ele precisa de ajuda na matéria em que teve desempenho pior; Se ele não quer escovar os dentes hoje, mostre-se surpresa: "Como um filho tão cheiroso pode não querer ficar com a boquinha perfumada?" Se você pediu para ele lhe trazer um copo de água e ele, de bom grado, trouxe, ressalte a im¬portância e a felicidade de ter uma família em que todos se ajudam. E assim sucessivamente...” (ZAGURY 2001, p.66)
Muitas atitudes que não damos a devida importancia é fundamental para que nossos filhos se sintão presendiados com a convivência familiar, essas atitudes não deve ser vistas como obrigação, e sim como parte da rotina familiar, não deve ser somente utilizadas com os filhos, mas com o casal, para mostrar que os adultos também se respeitam e se gostam, assim se tormando o principal exemplo para seus filhos.